sábado, 13 de outubro de 2018

Como resultado da imersão de dois dias, realizada no final de setembro, o grupo escolheu objetivos prioritários para trabalharmos na estruturação do Co-laboratoriando.

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quinta-feira, 26 de julho de 2018

AVANÇANDO NA ESTRUTURAÇÃO DO CO-LABORATORIANDO

Como resultado da imersão de dois dias, realizada no final de setembro, o grupo escolheu objetivos prioritários para trabalharmos na estruturação do Co-laboratoriando.

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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Co-laboratoriando Vida

Não pude ir ao debate proposto para discutir o texto "Difusão de práticas sociais sustentáveis...", mas tive a alegria de fazer uma leitura posterior e nela encontrar sistematização importante sobre o complexo diálogo em construção de desenvolver ecovilas, assentamentos sustentáveis e/ou comunidade onde é possível Co-laboratoriar outros mundos possíveis: mais sustentáveis, amorosos, integrados, coletivos...
O texto me ajudou a refletir algo que já estamos experimentando no exercício de construção da Associação Ecovila ConViver: o difícil e gostoso desafio de sonhar, planejar, realizar e celebrar o nosso caminho em nichos territoriais ao mesmo tempo, que realiza um diálogo, pedagógico, resistente e paciente com os sujeitos inseridos (inclusive nós) no sistema social dominante. No qual enquanto desenvolvemos estruturas materiais para este sonho, temos a oportunidade de sermos pessoas melhores a cada dia.
Muitos instrumentos facilitadores desse caminho de transformação cultural estão sendo desenvolvidos em vários lugares do mundo, alguns já chegam até nós e com sede estamos aprendendo, dialogando, bebendo e contribuindo com eles.
O Grupo de Discussão Co-laboratoriando Ecovilas já se mostra um lugar muito fértil, pela ampla diversidade de experiências anunciadas e em compartilhamento. Estou otimista que estamos em uma jornada poderosa e amorosa de transformação social com água, ar, fogo e terra no Cerrado.  Reverência aos que vieram antes de nós. Energia!

quarta-feira, 11 de julho de 2018

TEXTO - MAPEAMENTO DO TEXTO Difusão de práticas sociais sustentáveis em nichos de inovação social de base: o caso do movimento das ecovilas


DIFUSÃO DE PRÁTICAS SOCIAIS SUSTENTÁVEIS EM NICHOS DE
INOVAÇÃO SOCIAL DE BASE: O CASO DO MOVIMENTO DAS ECOVILAS.
Rebeca ROYSEN, Frédéric MERTENS


Os autores apresentam teorias sociológicas que categorizam ecovilas como nichos sociais em que ocorrem experiências inovadoras que podem ser difundidas para a sociedade como um todo. As duas primeiras partes do texto são para apresentar as teorias e o processo de inovação. São três: a teoria clássica, a Perspectivas multinível (PMN) e Teoria das práticas socias (TPS).  Para entendimento do texto é importante compreender os seguintes conceitos:
difusão de inovações, inovações sociais, práticas sociais, ecovilas e sustentabilidade.

1.      INTRODUÇÃO
Nem todas as práticas geram mudanças de comportamento (LACUNA VALOR-AÇÃO).
As práticas cotidianas não surgem unicamente de uma escolha individual e racional, mas estão ligadas às infraestruturas de fornecimento, aos objetos e tecnologias disponíveis, à organização dos espaços, aos significados associados às práticas, às normas sociais, às influências das redes de relações sociais, às competências e hábitos incorporados – enfim, a uma série de elementos que constituem as práticas e que não podem ser localizados no indivíduo isolado.

A TEORIA DAS PRÁTICAS SOCIAIS (TPS) tem buscado superar esse individualismo e criar elos entre os comportamentos individuais, os sistemas tecnológicos e as normas culturais de uma sociedade.

OS NICHOS DE BASE são grupos de pessoas e organizações da  sociedade civil que se organizam, de baixo para cima, para experimentar modelos alternativos e mais sustentáveis de fazer as coisas.

EX. NAS ECOVILAS:  experimentação com novas práticas sociais: práticas de compartilhamento de espaços, ferramentas e automóveis, de governança horizontal, de compras coletivas, de alimentação, vestimenta, trabalho e lazer

2. TEORIAS SOBRE DIFUSÃO DE INOVAÇÕES
2.1. ESTUDOS CLÁSSICOS SOBRE A DIFUSÃO DE INOVAÇÕES

A ADOÇÃO DA INOVAÇÃO PASSA POR 5 ESTÁGIOS:
(1) primeiro, o indivíduo fica sabendo da existência da inovação. Nessa fase, a percepção seletiva e suas necessidades influenciam as inovações às quais ele estará exposto. Depois de conhecer a inovação, ele  
(2) forma uma atitude favorável ou desfavorável e
(3) toma a decisão de adotar ou rejeitar uma inovação. A fase da implementação é quando o indivíduo
(4) coloca a inovação em uso e, por fim, após uma fase de experimentação, ele pode
(5) reforçar a escolha feita ou rejeitá-la.

MAIS ADOTADAS: vantagem relativa (em termos econômicos, de prestígio social, conveniência e satisfação);
compatibilidade (consistência com os valores existentes, experiências passadas e necessidades
dos potenciais adotantes);
possibilidade de se experimentar ou de adotar uma inovação de forma gradual;
e possibilidade de observação (visibilidade que estimula a discussão e a troca de informação entre pares, amigos e vizinhos).

Análise de Redes Sociais (ARS) para entender o processo de difusão

2.2. A PERSPECTIVA MULTINÍVEL
A PMN distingue três níveis analíticos: os nichosde  inovação, os regimes sociotécnicos e a paisagem sociotécnica.

A PMN afirma que as transições para a sustentabilidade
exigem mudanças em múltiplas dimensões:
·        tecnologias,
·        mercados,
·        políticas públicas,
·        práticas dos usuários e
·        significados culturais.

Os REGIMES SOCIOTÉCNICOS referem-se aos sistemas institucionalizados e dominantes de se atender às atuais necessidades societais, incluindo os sistemas de alimentação, comunicação, transportes, saneamento etc.

A constituição desses regimes exige investimentos em máquinas e infraestruturas, subsídios e regulações, assim como a adaptação dos estilos de vida, das práticas sociais e dos valores e normas culturais aos sistemas técnicos. Tudo isso cria barreiras sociais, econômicas, tecnológicas e cognitivas às novas tecnologias, os chamados mecanismos de TRANCAMENTO (LOCK-IN).
Dessa forma, quando surgem inovações nesses regimes, tendem a ser incrementais ou “normais”. Mudanças radicais ou revolucionárias só podem emergir nos chamados “nichos”.

2.3. TPS - TEORIA DAS PRÁTICAS SOCIAIS
Ao contrário das teorias
clássicas sobre difusão de inovações, na TPS,
a adoção e a manutenção de certas práticas são
entendidas não como o resultado de uma decisão
racional e intencional, mas como um processo
fluido e rotinizado, ancorado em hábitos e formas
de conhecimento prático que, em sua grande parte,
não são conscientes.

PRÁTICAS SOCIAIS TÊM ELEMENTOS INTERCONECTADOS:
• materiais: que inclui coisas e tecnologias;
• competências: que inclui habilidades, know-how e conhecimento prático; e
• significados: que inclui significados simbólicos,ideias e aspirações.
“práticas emergem, persistem, mudam e desaparecem quando as conexões entre elementos desses três tipos são feitas, sustentadas ou quebradas”

AS PRÁTICA, ENQUANTO PERFORMANCES (as práticas que viram comportamento), são
necessariamente localizadas: instantes situados
de integração dos elementos. Elas só existem e
persistem por causa das incontáveis atuações reproduzidas
pelos indivíduos. As práticas, nesse sentido,
não circulam. O que circulam são os elementos que
as constituem e que permitem a sua reatuação em
novos locais. Cada reatuação, por sua vez, transforma
a prática e reconfigura as suas características.

Ex. banho e reciclagem de lixo.

COMO A PESQUISA TEÓRICA QUE GEROU O PRESENTE ENSAIO FOI FEITA
MÉTODO
devemos nos debruçar sobre estudos empíricos mais qualitativos,
isto é, estudos que, a partir de etnografias e entrevistas
em profundidade, atentem para o processo
de formação dessas organizações que compõem os
nichos, para as motivações individuais e coletivas
que levam à inovação e para as inter-relações entre
tecnologias, habilidades e significados na mudança
das práticas sociais.

PERGUNTAS NORTEADORAS DO PRESENTE ENSAIO TEÓRICO:
o que leva as pessoas a modificarem as suas
práticas e se dedicarem à construção de um nicho?

Qual é o papel das tecnologias, das habilidades e
dos significados na transformação das práticas?

Como se constitui um grupo com normas sociais
divergentes das normas do regime?

COMO SE FORMA UM NICHO?
Na formação das organizações
dos nichos que encontraremos elementos
para a compreensão mais profunda dos processos
de inovação das práticas, assim como das possibilidades
de intervenção social na direção da
sustentabilidade.

3.      ESTUDANDO A MUDANÇA E A DIFUSÃO DAS PRÁTICAS EM NICHOS DE INOVAÇÃO SOCIAL: O CASO DO MOVIMENTO DAS ECOVILAS.
3.1. O MOVIMENTO DAS ECOVILAS COMO NICHO DE INOVAÇÃO SOCIAL DE

A Rede Global de Ecovilas (Global Ecovillage
Network) define uma ecovila como “uma comunidade
intencional ou tradicional usando processos
participativos para integrar de forma holística as
dimensões ecológica, econômica, social e cultural
da sustentabilidade, de forma a regenerar os meio
ambientes sociais e naturais” (Gen, s.d., tradução
nossa). Trata-se de grupos de pessoas que decidem viver
e trabalhar juntas, experimentando novas formas
de governança, habitação, consumo, educação, etc.

A vida em uma ecovila baseia-se em três dimensões
interligadas: ecológica, social e cultural/espiritual.

A dimensão ecológica se manifesta em práticas locais sustentáveis, tais como bioconstrução, permacultura

A dimensão social corresponde ao desejo das
pessoas de construírem relacionamentos de confiança
e ajuda mútua.

A dimensão social corresponde ao desejo das
pessoas de construírem relacionamentos de confiança
e ajuda mútua. Nas ecovilas, seus membros
tomam decisões e realizam trabalhos de forma
coletiva. Essa dimensão se reflete em práticas de
autogestão (tomada de decisão por consenso ou
consentimento, liderança circular), de conexão
emocional (técnicas de partilha, resolução de conflitos
e feedbacks) e de integração social (almoços
comunitários, atividades coletivas, rituais, compartilhamento
de ferramentas e espaços etc.)

A dimensão cultural/espiritual varia muito de
grupo para grupo. Existem ecovilas religiosas e seculares.
No entanto, todas as ecovilas incentivam o
autoconhecimento e a mudança interna como parte
indissociável da mudança das práticas. Segundo os
membros entrevistados na pesquisa de campo, o
convívio intenso dentro de uma comunidade, bem
como o compartilhamento de objetos e dos espaços,
exige das pessoas um processo de desconstrução
interna de conceitos e padrões de comportamento
profundamente enraizados.

Algumas questões recorrentes
nas falas dos membros e que exigem essa
desconstrução são: a ideia de posse, do “meu”; o
conceito de privacidade; expectativas divergentes
com relação à limpeza e à organização dos espaços
coletivos; a necessidade de se abrir mão do seu jeito
pessoal de fazer as coisas para aceitar o jeito dos
outros; o equilíbrio entre ceder e se colocar durante
os trabalhos coletivos; tomadas de decisões conjuntas
com pessoas com visões de mundo e criações
diferentes; entre outras. Essas são questões que,
segundo eles, exigem das pessoas um trabalho de
autoconhecimento e o desenvolvimento de valores
considerados espirituais, tais como o desapego, a
tolerância, o respeito e a autorresponsabilidade.
Essa abertura para a desconstrução interna se reflete
em uma abertura para experimentar novas práticas
sociais.

As ecovilas têm sido descritas na literatura
como “incubadoras de inovações sociais” e como
“laboratórios de experimentações” pois são espaços em que
são criados e desenvolvidos novos conhecimentos,
práticas e tecnologias sociais em diversas áreas: na
construção, no plantio, nas relações interpessoais,
na estrutura organizacional, nas formas de tomada
de decisão e resolução de conflitos, na organização
social, no trabalho e no consumo.

3.2. INOVAÇÃO DAS PRÁTICAS NAS ECOVILAS
Nas ecovilas encontramos novos significados. Podemos incluir nessa cate­goria a crítica sobre os regimes sociotécnicos es­tabelecidos e, consequentemente, a motivação para buscarem práticas alternativas. Entre os significados presentes nesse nicho estão:
 - reaproveitamento
- responsabilidade pelos resíduos
- simplicidade
- comunidade

Materias são estruturantes da inovação em ecovilas:
Constituídas por elementos materiais, o que inclui novas tecnologias e infraestruturas, tais como composteiras, banheiros secos, tecno­logias de energias renováveis, casas coletivas, cozinhas comunitárias etc

Os membros das ecovilas precisam desenvolver, também, novas competências.
- o conhecimento tácito sobre o funcionamento dessas infraestruturas, o aprendizado sobre plantio e manejo da terra (visto que a maior parte dessas pessoas vem de ambientes urbanos) e competências sociais (especialmente a adaptação ao convívio in­tenso que ocorre na comunidade)

O PRIMEIRO ELEMENTO DEVE SER O SIMBÓLICO:
Sugerimos que, no caso do movimento das ecovilas, o primeiro elemento a ser incorporado é o elemento simbólico – uma afinidade ideológica com os símbolos e significados promovidos pelo movimento. Em sua maior parte, os indivíduos decidem viver em uma ecovila por apresentarem um questionamento intelectual e uma sensação de desconforto para com os regimes sociotécnicos dominantes e as formas de relação interpessoal que esses regimes produzem. Esse questionamento leva as pessoas a buscarem alternativas e entrarem em contato com o movimento das ecovilas.
Podemos sugerir que, após se alinhar com os significados do movimento, o segun­do elemento no processo de adoção é o material. Somente com o tempo é que as competências vão sendo incorporadas e as novas práticas tornam-se hábitos, facilitadas pela presença de pessoas mais experientes no nicho.
O desenvolvimento de novas práticas nos nichos é um processo coletivo que envolve inúme­ras tentativas e erros. Elas exigem tempo para ser aperfeiçoadas e incorporadas por todos os membros. Além da conexão entre os elementos para a criação de novas práticas, as práticas também se conectam entre si para formar padrões regulares. 286

EX. Prática do cuidado coletivo
EX. Compostagem
EX. Carro compartilhado

Elementos com­partilhados, tais como colocalização, significados e sistemas de infraestrutura, constituem padrões importantes de associação entre as práticas.
Cada prática coletiva se constrói sobre com­petências previamente adquiridas e significados compartilhados pelo grupo, levando a um desen­volvimento incremental de práticas sociais alter­nativas. Os nichos favorecem, assim, a criação de novos “circuitos de reprodução”

3.3. ADOÇÃO DAS PRÁTICAS NAS ECOVILAS
A incorporação de uma nova prática social é facilitada quando existe uma norma social favo­rável. Quando uma prática é vista como “normal” e é valorizada pelo grupo do qual fazemos parte, sentimos uma pressão social para realizá-la. As nor­mas sociais são regras e padrões de comportamento compartilhados pelos membros de um grupo, que podem ou não ser explicitamente declarados. Esses padrões guiam e/ou limitam o comportamento social sem a força de leis
A ecovila cria um nicho de “novas normalidades” e novas regras de conduta. A criação de soluções inovadoras para os problemas locais é valorizada nesses nichos e existe abertura para o erro – carac­terísticas que estimulam a experimentação.

3.4. DIFUSÃO DAS PRÁTICAS NAS ECOVILAS
A difusão de co­nhecimentos e práticas desenvolvidos nos nichos de inovação social de base pode se dar de três maneiras: replicação na mesma escala, aumento de escala e tradução de ideias para o regime dominan­te.
O movimento das ecovilas tem criado uma identidade coletiva que vai além das ecovilas isoladas. A comunicação globalizada, a criação de redes transnacionais e a presença de indivíduos que viajam pelas ecovilas difundindo ideias e inovações permitem ao movimento criar um senso de identi­dade compartilhada.
Intermediaridade (na difusão da inovação). As organizações mais intermediárias dentro de um nicho são as que ofe­recem mais chances de traduzir as suas práticas para o regime dominante, ou seja, iniciativas que conseguem manter um equilíbrio entre os valores e práticas radicais do nicho, de um lado, e os valores e práticas convencionais do regime, do outro, estão em melhor posição para firmar parcerias com ins­tituições e autoridades públicas e, assim, traduzir suas inovações para o regime.

4.      CONCLUSÃO